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CRIATIVIDADE EM PROJETOS PARA WEB

Written by Jorge Paulo
As regras e padrões do mundo online limitam ou estimulam a criatividade?
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Como alinhar as ideias com os objetivos? Como encontrar o equilíbrio entre inovação e adequação? Como aplicar nossa inclinação ao inusitado diante de expectativas mais tradicionais? Não são equações fáceis. Isso porque ter ideias bacaninhas é relativamente fácil. O complicado é fazer com que funcionem e sejam aplicáveis dentro do contexto da marca ou do cliente. Se na arte a criatividade significa plena liberdade, na comunicação (publicidade, design, marketing) ela está subordinada a um objetivo, a um público, a um orçamento, à aprovação, etc. Ao mesmo tempo em que está submissa a isso, também tem a missão de tomar a dianteira e conduzir o projeto pelo caminho certo – um verdadeiro paradoxo.

Infinito.com

Especificamente em projetos para web, vejo que o dilema criativo encontra mais desafios. A primeira (e óbvia) consideração é que o cosmo online abriu espaço infinito para estratégias, projetos e ações, graças à possibilidade de engajamento, compartilhamento, coleta e análise de dados, onipresença, etc. Ou seja: um campo muito amplo para nossa criatividade. Mas dentro deste universo, como é impossível analisar o infinito, vou me deter em um aspecto: o projeto e desenvolvimento de sites – uma das principais demandas atendidas por nossa agência.

Independentemente de estratégias mirabolantes, toda empresa precisa estar na web e um site institucional é a melhor maneira. Quando começamos um projeto destes, uma questão logo se apresenta: até que ponto seremos criativos? Começando a responder, defendo que sempre podemos e devemos ser criativos, sem ignorar, contudo, a adequação e o contexto do trabalho. Assim, começa a busca pelo equilíbrio que comentei lá no início.

Do tempo em que você não tinha smartphone

Poucos anos atrás, quando os sites ainda não eram acessados em dispositivos móveis, nem eram responsivos (lá pelo período jurássico), a coisa estava ficando feia. Sites cada vez mais horríveis, entupidos de efeitos, com excesso de animações, pesados, fundos com textura de madeira (ora, se é um site de móveis, parece ÓBVIO que eu deva usar um fundo de madeira, não? NÃO, Cristo!). Enfim, tudo altamente “criativo” em pleno auge do skeumorfismo, a tendência a imitar materiais físicos nas interfaces. Logicamente havia também ótimos projetos – mas a proporção de sites desenvolvidos por agências e profissionais qualificados sempre foi muito menor em relação ao volume advindo de amadores e entusiastas. Felizmente, um ponto de ruptura começou com a popularização do smartphone e com a possibilidade de acessar sites por ele. Logo se percebeu que nada daquilo funcionava nos formatos e sistemas operacionais mobile e, gradativamente, os padrões web evoluíram – para nooooooossa alegria!

Com a responsividade, chegamos ao mobile first design – em que se projeta a interface com máxima otimização para dispositivos móveis, e ainda ao user first – quando voltamos maior atenção ao comportamento do usuário do que ao dispositivo. É claro que, com isso, o processo criativo tem novos critérios para seguir: comportamento, diferentes proporções de telas, flexibilidade e atualização de conteúdo, hábitos do usuário e assim por diante. Sem dúvida, algo bastante técnico. Ainda assim devemos ser criativos para entregar um projeto diferenciado, cativante e funcional. Claro que alguns sites-conceito, para públicos específicos, permitem maior grau de inovação, em detrimento de certos padrões. Mas a realidade é que estes projetos são mais raros.

No dia a dia, lidamos mais com abordagens institucionais, que seguem ou programam a linguagem da marca e devem conviver com um público muito amplo – desde o usuário com a conexão mais rápida do mundo até aquele que pega a 3G no interior de Campininha, Tuparendi.

O layout invisível

Nesse cenário, adotamos uma metodologia que direciona a criatividade não apenas para o layout – a interface e seus recursos visuais – mas para a geração do conteúdo, pois ele é a razão de ser do site. Aqui, criatividade significa produzir conteúdo atraente que traduza a linguagem corporativa para a linguagem do público – da redação à iconografia, passando pela boa produção de imagem do produto, da empresa e pela criação dos componentes conceituais. Para entender isso, é preciso desapego em relação a velhos clichês criativos, usualmente vinculados ao non-sense: tascar imagens de astronauta, lâmpada, bichinho, bonequinho em qualquer projeto para causar a sensação de “oooh, que criativo!”. Concordo que o inusitado é tentador e muitas vezes fundamental, mas tem hora e lugar para acontecer.

Em resumo, o usuário acessa o seu site porque procura alguma informação ou interação – e não para analisar o fundo. Por isso, em certos projetos digo ao cliente que o layout deve ser invisível – praticamente tudo que o usuário verá é conteúdo, esteticamente bem tratado. O desafio de um bom projeto é transformar este conteúdo na estrela do site e entregá-lo em sua melhor forma: leve, organizado, corretamente estruturado, bem redigido, com a tipografia adequada e imagens bem produzidas. E isso só se alcança com muita criatividade.

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Jorge Paulo